O Nevoeiro

Só hoje é que tive a oportunidade de ver o "The Mist", a ultima incursão de Frank Darabont no universo Stephen King, o que, para um fã confesso da obra de King como eu, é uma falha relativamente grave.Não vou dizer que é o melhor filme de terror de todos os tempos, porque não o é, mas tenho que admitir que faz muitas coisas bem. King escreveu este conto em 1985 numa clara "homenagem" ao terror que dominava o cinema da altura, nomeadamente os desvarios de Cronemberg e Carpenter (aliás, cuidado para não confundir este "The Mist" com o "The Fog" de Carpenter). Hoje, 23 anitos depois e numa era pós 11/9 ele adquire uma dimensão totalmente diferente.Não são os sustos que realmente importam (e este filme até que está bem servido nesse aspecto), nem o carácter lovecraftiano das criaturas que se escondem na neblina e muito menos a explicação para os factos sobrenaturais. Darabont pretendeu focar a atenção dos espectadores naquilo que se passa dentro do supermercado, onde um grupo de cidadãos se barricou para se tentar proteger daquilo que estava no exterior.A histeria colectiva, a alienação, a teoria da multidão como massa homogénea capaz de acreditar nos maiores disparates e de cometer as maiores barbaridades quando convenientemente manipuladas, são alguns dos temas aqui tratados. Nem sempre da forma mais credível, é certo, mas consegue ser o suficientemente incisivo para nos deixar a pensar, nem que seja por um minuto ou dois, na fragilidade da nossa suposta "civilização".O trabalho de Marcia Gay Harden como a maníaca religiosa que King tanto gosta de retratar é algo digno de nota e é um daqueles personagens que vamos adorar odiar.E por falar em adorar odiar, o final deste filme tem esse efeito. Acreditem que se o forem ver acompanhados já têm assunto até chegarem a casa.

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