Cinema e Filosofia

Por se tratar de uma linguagem recente são poucos os trabalhos a respeito das relações entre filosofia e cinema, razão pela qual pode-se dizer que ainda não existe uma tradição solidificada de análises de filmes (ou de seus mecanismos narrativos) a partir de um ponto de vista filosófico (seja lá o que perspectiva se queira adotar como filosófica). Um dos desafios para uma filosofia do cinema é colocar a linguagem cinematográfica como geradora de problemas, perplexidades e reflexões e não apenas como um mero recurso (a mais) na exposição de temas já abordados por outras linguagens ou narrativas. Boa parte dos livros sobre cinema e filosofia ainda não amadureceram essa perpectiva completamente. Soma-se a essa situação um certo preconceito da academia em tratar de temas fortemente relacionados a indústria de massa e desvinculados (explicitamente)de suas problemáticas tradicionais. Perspectivas continentais (valendo-se da tosca divisão presente na academia brasileira) tendem a dar mais relevo ao papel da arte como meio privilegiado de captação da realidade (ou de alguns aspectos relevantes dela) e em ver a linguagem cinematográfica como um dos desenvolvimentos das técnicas de exposição de conceitos, questão iniciada no Ocidente com a filosofia e que hoje se espraia por diversas mídias. Neste caso resta saber se tal exposição obtida pela narrativa do cinema é única ou possui equivalente escrito ou verbalizado (lembrar que a questão da forma adequada de exposição era preocupação proeminente já na filosofia grega, e os malabarismos liguísticos de Heidegger e Hegel vão ao encontro de um trabalho e preocupação com o meio adequado de exposição). A questão sobre o papel das imagens na constituição e nem tanto na exposição dos conceitos, tem sido objeto de reflexão apesar das resistencias da filosofia tradicional. O livro do filósofo brasileiro Vilém Flusser, "Filosofia da Caixa Preta" (Relume Dumará, 2002), já figura como uma leitura indispensável no assunto. Outra publicação recente e de grande valia no assunto é o livro do filósofo Julio Cabrera, recentemente publicado no Brasil com o título "O Cinema Pensa: Uma introdução à Filosofia através do Cinema" (Rocco, 2006), de onde foram retiradas algumas idéias para esse verbete.


Livros interessantes, sobre Filosofia do (e no) Cinema:

- Cabrera, Julio. "O cinema Pensa: uma Introdução à Filosofia através do Cinema". Editora Rocco - 2006.

- Flusser, Vilém. "Filosofia da Caixa Preta". Editora Relume Dumará - 2002.

- Rivera, Juan Antonio. O Que Sócrates Diria a Woody Allen. Tradução de Magda Lopes. Editora Planeta do Brasil Ltda - 2004.

- Rowlands, Mark. SCIFI = SCIFILO. A filosofia explicada pelos filmes de ficção científica. Tradução de Edmo Suassuna. Editora Ediouro Publicações - 2005.

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